"Cada perdão é um pássaro liberto."
(Van Luchiari)
(Van Luchiari)
Já escrevi, neste blog, alguns textos sobre o perdão e sobre a
dificuldade deste ato. Sempre defendi a ideia de que, para perdoar, é preciso
antes ter esquecido o mal sofrido, é preciso não sentir mais nenhum tipo de tristeza; para só então, esse perdão ser verdadeiro.
Existem pessoas que dizem
que perdoam, mas não esquecem. E sempre discordei disso, pois sinto que esta
frase guarda um rancor; uma obrigação de perdoar, porque é preciso. E pronto.
Mas, revi este meu conceito, ao refletir e partilhar das experiências de outras pessoas. Assisti a
uma palestra em que o tema era este – o perdão –, mas o palestrante dizia o
contrário do que eu pensava. “Como esquecer? Não esquecemos nunca!” – dizia
ele. “Como esquecer, se nossas vivências permanecem em nossas memórias?”, continuava ele. “A
dor está lá, está gravada em nossa memória."
E eu ouvia e percebia a verdade
daquelas palavras. Esquecer para poder perdoar é um bocado difícil, não
impossível, claro.
O difícil é nossas lembranças não mais nos fazerem sofrer, porque podemos achar que esquecemos, e perdoar, pensando que estamos perdoando. Mas as nossas lembranças, bem... Elas ficam, sim. São o acervo de tudo o que somos e fizemos, nossa identidade.
Podemos até deixá-las lá, em algum canto de nossa memória, do coração, como se queira. Mas, uma música, uma cena, uma foto, uma palavra, qualquer fagulha pode nos remeter a uma circunstância da vida que nos fez sofrer.
Alguém que se foi, uma grande mudança, uma rejeição, uma incompreensão, e pronto! Diversas lembranças vêm à tona para nos fazer lembrar de muitas coisas que vivemos; depois pessoas, ideias e tristezas... E tudo de uma vez só! Ou aos pouquinhos. Nisso não há regra.
O difícil é nossas lembranças não mais nos fazerem sofrer, porque podemos achar que esquecemos, e perdoar, pensando que estamos perdoando. Mas as nossas lembranças, bem... Elas ficam, sim. São o acervo de tudo o que somos e fizemos, nossa identidade.
Podemos até deixá-las lá, em algum canto de nossa memória, do coração, como se queira. Mas, uma música, uma cena, uma foto, uma palavra, qualquer fagulha pode nos remeter a uma circunstância da vida que nos fez sofrer.
Alguém que se foi, uma grande mudança, uma rejeição, uma incompreensão, e pronto! Diversas lembranças vêm à tona para nos fazer lembrar de muitas coisas que vivemos; depois pessoas, ideias e tristezas... E tudo de uma vez só! Ou aos pouquinhos. Nisso não há regra.
Percebemos, então, que aquelas lembranças nos incomodam por nos remeterem
a algo não existe mais, ficou no passado, foi-se e, paradoxalmente, ficou. Ficou em nós. Como
perdoar sem esquecer todas essas lembranças? É difícil, mas necessita de um esforço nosso.
É preciso reavaliarmos as situações que vivemos e nos perguntarmos, com muita sinceridade, se tudo sempre foi ruim. E os eventos positivos? Devem ter existido muitos... Por que só nos lembramos do que foi ruim? É que estes foram os momentos
de forte emoção, que calaram e permanecem vivos dentro de nós. Como esquecer?
Quando nos distanciamos daquilo que vivemos podemos ver, com mais clareza, tudo que pessoas ou circunstâncias da vida significaram; não só as tristezas que ficaram, mas as qualidades que nos aproximaram; as afinidades que tivemos com elas; o que foi bom e o que aprendemos com tudo o que foi vivido. Enfim, tudo isso faz parte de nossas memórias. Nesse distanciamento, podemos reavaliar nossos sentimentos e fazermos uma releitura de tudo.
Nossas lembranças existem em diferentes nuances, todos choramos, mas fazemos chorar igualmente; passamos momentos tristes, mas muitos momentos felizes igualmente.
Quando nos distanciamos daquilo que vivemos podemos ver, com mais clareza, tudo que pessoas ou circunstâncias da vida significaram; não só as tristezas que ficaram, mas as qualidades que nos aproximaram; as afinidades que tivemos com elas; o que foi bom e o que aprendemos com tudo o que foi vivido. Enfim, tudo isso faz parte de nossas memórias. Nesse distanciamento, podemos reavaliar nossos sentimentos e fazermos uma releitura de tudo.
Nossas lembranças existem em diferentes nuances, todos choramos, mas fazemos chorar igualmente; passamos momentos tristes, mas muitos momentos felizes igualmente.
Não podemos viver o
papel de vítima, porque ele é muito cômodo, e é nesse papel de vítima que não
conseguimos perdoar, muito menos esquecer. É nossa zona de conforto, e nossa
própria armadilha. “Olha só como sofri. Como a vida é má comigo...”.
Esses
pensamentos tornam-se verdades vivas dentro de nós. Dessa forma, num esforço de
introspecção devemos mudar algo que está errado em nós mesmos. Ninguém sofre
porque quer, mas se acomoda, sim, por ser mais fácil sofrer, que modificar nossa
visão dos fatos.
Se resolvermos desfazer esse quebra-cabeça que montamos, e,
reinterpretarmos nossas lembranças, estaremos reavaliando e
ponderando sobre a ideia de que nada tem um único lado.
E, dessa forma, talvez seja muito mais fácil não guardarmos rancor e mágoas; ir em frente mais leves, para um dia poder,
naturalmente, dizer que esquecemos; que foi triste, mas foram tantas outras
coisas vividas – e boas –, e que tudo valeu a pena.
Assim será muito mais fácil tentarmos perdoar, libertando-nos, e ao outro também, até para poder
viver melhor. Porque o outro, tão presente em nossas lembranças, talvez nem
saiba mais que, algum dia, nos fez algum mal. E está por aí, bem feliz.
Rita Ribeiro
Leia, também, neste blog:
Memórias, emoções e esquecimento
Você é capaz de perdoar
Esquecer para ser feliz
Reinterpretando memórias
Rita Ribeiro
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