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Ter razão ou ser feliz?


É melhor ter razão ou ser feliz? Esse é o título do texto de Thais Accioli, especialista em terapia floral, formada pela Escola de Enfermagem da USP. Seu questionamento baseia-se na famosa frase que corrre pela internet, dita por Ferreira Gullar numa Flip (Feira Literária Internacional de Paraty): "Eu não quero ter razão, quero ser feliz".
Ele confessa que, hoje, gosta mesmo é de viver em casa pintando seus quadros em vez de brigar  por causa da política do país. E o que será que nos faz mais felizes?
Tentar dar opiniões é tão sadio quanto ler poesia ou ouvir música. É o momento em que nos expressamos, expomos nossos pontos de vista a repseito do que nos cerca. Simples. É, mas, talvez, não estejamos conseguindo efetuar o diálogo.
A autora trata do "ter razão" sistemático, que ela relaciona a uma mania originada no individualismo, que vem acontecendo muito, e que gera confusão, polêmicas, brigas, chegando até a rupturas, e em vários tipos de relacionamento, quer parentais, quer de amizade, de trabalho; trazendo às pessoas muita tristeza e resssentimento ou raiva.
Diz ela que, hoje, coexistimos, querendo ou não, com múltiplas formas de vida. E isso é uma verdade, pois somos todos diferentes uns dos outros, aliás, como sempre escrevo aqui, com educação, conhecimentos e vivências as mais diversas. Como conviver, então? Para a autora, isso pede convivência com mais altruísmo, generosidade, solidariedade e compreensão. Mas isso é uma consciêcia que ela buscou para si, descobriu necessária para esse coexistir. E é o que todos precisamos buscar naturalmente para termos bem-estar na vida.
Explica ela que aqueles que agem de forma individualista julgam-se o centro do universo, são prepotentes e arrrogantes, ágeis com as palavras e argumentos, acham que realmente sabem mais que todos e estão cegos para a realidade à sua volta, pois têm dificuldade de ver diferentes pontos de vista. E podemos ver isso, claramente, no nosso cotidiano. Será que estou errada? Acredito que não.
Para ela "o egoísmo é um desconectador de corações, enrijecendo e impedindo nossa percepção clara da vida. Egoísmo e prepotência nos fazem achar que temos direitos que não existem. Fazem nos sentir injustiçados, indignados, e o pior, em nada ajudam a ampliar nossa sabedoria sobre a situação, para enxergá-la com iseção de ânimo, clareza e discernimento". Dessa forma, me pergunto, como encontrar caminhos para a conciliação, o entendimento e a resolução desse tipo de conflito?
Venho aprendendo que a pessoa que busca o entendimento e prefere uma convivência e ambiente pacíficos, muitas vezes, preferir não impor sua opinião, não ser reativa, mas qual é realmente o preço que se paga por isso? Tem-se um ambiente mais favorável, mas até que ponto?
Calar, relevar ou sufocar sentimetos, pensamentos e opiniões, omitindo-se diante dos outros, por ser difícil impor-se traz uma falsa resolução do conflito, porque isso pode gerar tristeza, angústia e mal-estar.
Acredito que somente umcoração muito compassivo e amoroso desfaça certos egoísmos. Duvido um pouco de que isso funcione.
Por experiência, quando encontro esse tipo de situação, tento me colocar no lugar do outro e verificar as motivações que fazem aquele ser agir daquela maneira. Tentar relevar, tentar entender, tentar pensar no ambiente que se cria com a atitude reativa. Mas, nem sempre isso dura, pois é necessário que minha ação no bem de todos seja  sentida pelo outro, e nem sempre isso acontece. Nem sempre o outro reconhece ou, se reconhece, não é capaz de mostrar que errou, que mudou (se é que esse tipo de personalidade muda).
Infelizmente, vivemos um momento em que cada um pensa em si mesmo, e quem pensa no todo, no ambiente, nas melhores relações, deixando de lado o individualismo, sofre mais.
Então, quando ouvimos que nos dias de hoje as relações não são duradouras, ou que não se consegue conviver muito tempo, ou ainda, que há um grande problema nas relações interpessoais, percebemos que é essa falta de respeito e afetividade, que anda em falta; e nesse individualismo, que anda exacerbado.
Enquanto só um tentar ceder, mudar e colocar tudo de si na relação sem uma contrapartida do outro, não haverá relação saudável, apenas convivência com uma pessoa submetendo-se ao pensamento da outra; ou o grupo dos que pensam "como nós" e o dos que pensam "como o outro" - as famosas "panelinhas".
Quem já não viu isso?
Respondendo à questão da autora, eu quero ser feliz, mas eu também quero poder expor o que penso, quero ser ouvida, quero que considerem o que digo, porque para ser feliz, não há relação sem afeto e sem razão, e acima de tudo, equilíbrio entre ambos.
E você, quer ter razão ou ser feliz?

Rita Ribeiro

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