Um dos significados principais de um ritual, de acordo com a antropologia e a teologia, é presentificar o passado. Ao repetir gestos, hábitos, palavras e encontros, nas mesmas datas e com regularidade, um grupo social atualiza o que passou, "emboscando" a passagem do tempo e contribuindo para impedir a dissolução da comunidade. Volta-se a ser quem já não está mais, volta-se a viver — como por mágica — numa manjedoura, no deserto, no campo. A comunhão não é só com quem está presente, mas com tempos, espaços e comunidades ausentes e a entrega do praticante ao ritual é o que permite essa abstração. É certamente daí que vem a ideia de "presente", aquilo que se oferta ao outro, com o sentido de tornar presente, intensificar o agora da doação e da recepção, como carimbo do encontro e da repetição. Dessa forma, o fim de um processo — de uma colheita, de um giro em torno do sol — significa o começo de outro. Como dizia Padre Antônio Vieira , "a vida é um círculo que
"Todo mundo deveria escrever uma ou duas páginas por dia, contando como têm sido seus dias, falando sobre sua vida, suas alegrias, tristezas, decepções, felicidades..."