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O olhar que surpreende

Em alguns posts meus aqui do blog já falei sobre a dificuldade que as pessoas têm em olhar, ver e se encantar com a beleza que se encontra nas pequenas coisas do nosso dia a dia. Na correria não vemos "um pássaro bonito num fio do poste", comentário de uma leitora em um desses posts, pois ela também tinha percebido que, mesmo num dia agitado e diante de tanta correria, havia espaço e tempo (acreditem!) para olhar e ver o que surpreende e nos maravilha, o que nos traz um pequeno momento de felicidade que só nós sabemos como é, só nós o vivenciamos. É um momento único*.
Muitos podem ver uma árvore florindo e não ver nada de bonito. Isso é muito comum. Hoje em dia, para muitas pessoas, tudo o que é material passou a ser mais importante na vida e, dessa forma, observar pássaros, árvores, nuvens e o céu parece algo banal, bobagem, perda de tempo. E não é.
Lendo o artigo de Betty Milan na revista Veja desta semana, intitulado "O gosto da surpresa"*, encontrei essa ideia que veio ao encontro do que penso e sobre o que já escrevi e estou reescrevendo. Diz ela que "tudo depende do olhar" e que esse olhar que nos traz a surpresa é "uma capacidade natural da criança e que o adulto precisa conquistar"
E eu já penso que o adulto precisa reconquistar, exercitar, voltar a ser sensível e se maravilhar com o que é belo, mesmo que com uma cena simples, mas bela. Acredito que seja uma capacidade adormecida ou perdida pelo estresse de nossos dias. À noite, da janela do meu apartamento, gosto de olhar o céu, os prédios, os carros, mas principalmente contemplar o céu. E isso me traz uma sensação muito boa, como se eu estivesse bem próxima dele. Eu e ele - o céu -, e algo mais que não sei descrever. Se tiver uma lua bonita então... Isso é só um exemplo. 
Gosto muito de observar, ver e me surpreender com pequenas cenas de muita beleza, como vejo meu sobrinho fazer - ele que está descobrindo o mundo. 
Precisamos exercitar mais esse olhar que nos maravilha e não achar que as coisas belas precisam ser sempre grandiosas e que parecem estar sempre muito longe de nós. O grandioso pode estar nas pequenas coisas, depende somente do nosso olhar e de como estamos vendo o mundo. 
Abra a janela e observe o desenho que as sombras das árvores fazem, mas observe também as árvores. Veja o brilho do sol nos para-brisas dos carros. As nuvens formando desenhos. A chuva e o sol juntos - um arco-íris. Viu? Tente! Essa janela pode ser a do seu carro, no meio de um congestionamento. 
"O que nós vemos e ouvimos depende de nós", diz a escritora. E concordo com ela. Basta saber ver e sentir. Assim, nossos caminhos de volta para casa se tornarão mais belos e divertidos e nós, mais leves e tranquilos.

Rita Ribeiro


*"O gosto da surpresa", artigo publicado por Betty Milan, psicanalista e escritora, na revista Veja de 29-09-2010

*Leia também o post relacionado Momento único que vejo, publicado neste blog em 04-11-2008

Comentários

  1. Rita....que maravilha....que blog maravilhoso...tu és uma artista.....fiquei encantada com tantas gentilezas que voce consegue colocar na ponta lapis( aqui digitar) passei momentos mágicos aqui....
    Adorei.....suas palavras,sua narrrativa é de uma beldade......me ganhou com esse titulo adoravel " O Olhar que surpreende"", há alguns anos venho me reeducando, aprendendo, cultivando, treinando, reciclando e Amandooooooooo fazer uso dele.......esse olhar só descobrimos depois de alguns anos de vida.....ele é mágico, lindo, e contamina tudo ....tudo que existe com amorrrrr ....
    Beijo Parabéns....tu tens um talentoooooooooooooooooooooooo my gooooodddddddddddd.....
    beijoooooooooo
    uma #sereia que se encantou aqui por quase horassss...beijooooooooooooooooooooooooooooooooo
    no twietwer @biacarnaval

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