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Saudades...

Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Vi você no ontem, no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.
Que saudade...

(Mario Quintana)


Sempre me imaginei uma pessoa desligada de passado. Nunca me vi como alguém que guarda saudades de épocas da vida, pessoas, lugares ou momentos. Ao contrário, via em minha mãe essa forte característica, nunca em mim. E realmente não sou assim ligada ao passado ou a fatos que se foram e não voltam mais. 
E ao falar nisso, vem-me à lembrança uma frase que uma conhecida disse aos meus pais um dia: "Ah! Eu não penso muito no passado, pois se penso nas coisas tristes, fico triste por revivê-las em minha mente; e se penso nas coisas boas, fico igualmente triste, porque elas nunca mais voltarão". E não é que ela tinha razão? 
Pensar muito em passado, ficar remoendo fatos e alegrias vividas só mesmo se isso nos trouxer felicidade e não ressentimentos. Alegrias que se foram devem ser como presentes guardados, riquezas que somaram algo de bom a nossas vidas, a nossas almas. 
Se as saudades nos adicionam algo serão sempre boas, ao contrário de tudo que nos entristece, pois trazem consigo frustração ou sentimento de algo não muito bem administrado. Melhor pensar em outras coisas, ou melhor ainda, tentar trabalharmos isso dentro de nós: o que nos entristece e por que nos entristece. E não fugir. Que sentimento é esse que toma conta de corações e mentes? 
E tudo isso vem em meus pensamentos, pois sinto que tenho momentos em que as saudades me invadem, sim. Minha mente, em certos, dias fica povoada de forma bastante interessante. Penso de repente em certas pessoas muito queridas para mim, acordada ou em sonho. E talvez isso ocorra justamente por serem muito queridas, e tenham tamanha afinidade de pensamento e sentimento. E esse sentimento se torna vivo, emoções tomam conta de mim. "Onde estará essa pessoa? Será que anda pensando em mim? Parece até que está por perto". 
Uma vez sonhei com alguém, foi um sonho muito curioso, como se essa pessoa me chamasse, aflita, ansiosa. E a sensação dela a meu lado era muito nítida, como se me abraçasse e quisesse a minha presença com a sua ali. Dizia a mim algo que não sei até hoje traduzir, mas pedia por mim. 
Acordei com um sentimento de que um grande amigo estava a minha procura. Sondei algumas pessoas queridas, como estavam, o que faziam. E, acreditem, uma pessoa muito especial me procurou. 
Matei saudades, mas também soube que aquele encontro tinha um significado maior para ambos.Terá sido tudo coincidência, acaso, fantasia? Bom, nos dois primeiros não acredito, para tudo há uma causa. 
E tudo por que passei, e por que vivi posteriormente fez-me pensar que nem tudo pode ser explicado pela razão. O tempo passa, dias se vão, outros vêm e, penso ou lembro-me dessa pessoa. Porém, penso com alegria, e com muitas saudades. Saudades que traduzem a falta que ela faz, bem como forte sentimento que mantenho por ela, independente de tempo e espaço. 
E isso foi um aprendizado, pois ela some e aparece em espaços de tempo bastante variáveis, sempre trazendo muita surpresa e felicidade. Não sei bem se tamanha saudade seja indício de algo não muito bem resolvido dentro de mim. Acredito que não. Pessoas especiais conseguem nos seduzir com inteligência, carinho e simplicidade, deixando algo de muito especial e inesquecível em nossas almas.

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